23/01/2015

1: Take Me With You


POV Alicia

  Valência, 27 de Agosto de 2008.
Era um dia frio de inverno em Valência, as casas estavam com seus tetos cheios de neve e, para falar a verdade, era lindo. Estava indo em direção à praça que antes, bem antes costumava vim com o meu pai.

Tudo mudou depois que eu completei sete anos de idade quando meu pai começou a bater na minha mãe e a judiar de mim, por ser pequena não entendia nada. Depois de algum tempo, eu parei de vir minha mãe vovó me fala diz que ela está morando longe só para me proteger mais sei que é verdade.
Eu ainda me lembro de como fosse hoje dá história que ela me contava que em uma vila no sul da Espanha, vivia uma garotinha linda de pouco mais de três anos. Ela não era uma simples garota e sim uma guerreira.
Todos olhavam como se ela nunca tivesse tido um problema, mas veja, ela era mais quebrada de todas. Vivia enfiada em sua jaqueta de gorro com seus fones ouvindo dó lá Deus sabe o que, as pessoas sempre a olhava com desprezo e você se pergunta: "Mas quem é ela?".
Sua mãe dizia que ela era única e linda, seu pai sempre achou que ela era louca. E agora sei de quem ela estava falando. De mim.
Olhei i relógio e vi que já estava atrasada. Peguei minha jaqueta e fui para casa, chegando lá vejo minha vó caída sangrando, me abaixo até ela.
— Vovó fala comigo – disse muito desesperada.
— Fuja querida, ele quer fazer mal a você – disse ela cuspindo sangue.
— Quem? – digo chorando.
— Seu pai – disse me olhando. — Ele m atou sua mãe – disse e parou de respirar.
Naquele momento me senti mais que sozinha, comecei a gritar e até que sinto alguém tampando a minha boca, me viro e vejo-o, meu pai.
  Barcelona, 21 de Janeiro de 2015.
Acordei suando, fui até o banheiro e passei uma água na cara. Entrei no chuveiro e tomei um longo e relaxante banho, já era a terceira vez na semana que sonhava com aquele dia, aquele homem.
Desliguei o chuveiro e coloquei uma roupa qualquer roupa. Desço e vou até a mesa do café da manhã me sentando ao lado da mulher que me adotou depois daquilo.
— Bom dia meu amor – disse abrindo um sorriso.
— Oi – digo um pouco desanimada.
— Filha vai ficar tudo bem – disse segurando a minha mão.
Dona Lucia era uma mulher de 44 anos amiga atenciosa e divertida. Ela cuidou de mim mesmo com todas as dificuldades, meus transtornos emocionais tais como: culpa insegurança, vergonha e síndrome do pânico por causa... Por causa do abuso sexual que sofri quando criança.
Hoje iria ao psicólogo para fazer um tratamento para, pelo menos, aliviar tudo isso que eu passo. Depois de comermos nós fomos até a clinica do tal Lucas.
Chegando lá, eu vou até sua sala mamãe fica lá fora. Ele vira e olha para mim e devo dizer que ele era lindo. Não muito alto moreno dos olhos azuis, encantador. Ele se sentou a minha frente e disse.
— Olá Alicia, eu sou o Lucas e vou cuidar de você ok? – disse e eu sorri involuntariamente.
— Ok – disse e ele sorriu, senti minhas bochechas arderem em chamas.
— Me conte o que aconteceu com você? - disse olhando fixamente para mim.
— Bom, eu tinha três anos eu estava sozinha com meu pai, ele disse que não iria doer. Ele me levou até o quarto dele e... E... – comecei a chorar. — Eu não consigo continuar, desculpa – digo e ele me abraça.
— Você pode me contar depois, não tem problema apenas fique calma – disse me apertando mais forte.
Eu não sei o que aconteceu, não sei como, mas ele me passou uma segurança tão grande quando me abraçou.  Foi como se nunca, ninguém pudesse me fazer mal algum por que ele estava ali, comigo.
Depois que a consulta acabou, ele me liberou. Fui para casa o caminho todo pensando nele, ele era tão lindo e meigo, pela primeira vez na vida não tive medo de que ele me machucasse algo assim, me senti feliz.
            POV Lucas
Depois que ela saiu fiquei pensando: “Ela sofreu tanto, merecia alguém que fizesse ela feliz”. Peguei minhas coisas e dirigi até a casa do Pietro, chegando lá ele estava falando com alguém pelo telefone, ao notar minha presença desliga. Ele estava péssimo.
— O que houve? – digo me sentando.
— Ela está entre a vida e a morte – disse se sentando também.
— Sinto muito – disse e ele começou a chorar mais ainda. Quando se tratava da amada dela ele parecia um bebê chorão. Ele se levantou e começou a andar de um lado para o outro.
— Eu não sei mais o que fazer, eu já liguei para todos os familiares dela e eles continuam dizendo que ela não tem melhora. – disse tenso.
— Calma Pietro, como você ficou sabendo e o que aconteceu? – eu disse tentando o acalmar.
— Ela bateu o carro quando estava vindo para a cidade, foi em Torrent. Eles disseram que ela bateu a cabeça e fraturou a perna esquerda que pode ficar sem movimento – ele respira fundo para não chorar, que nem sempre dá sorte. — Eu fiquei sabendo quando a Bianca, prima dela, ligou – disse tentando se acalmar.
Ele estava tão triste. Em 22 anos de amizade nunca vi ele tão triste, às vezes ele andava cabisbaixo ou nem saia de casa, mas nunca ao ponto de se desmoronar na minha frente. Eu o abracei tentando passar todo o meu apoio.
— Pietro está tudo bem – digo o abraçando mais forte.
— Quando finalmente tudo entre eu ela dá certo, algo acontece – disse chorando mais ainda.
Eu odiava o ver chorando. Parecia um bebê que se perdeu da sua mãe no mercado. Depois de se acalmar, ele me olhou.
— O que acontece? – disse me encarando tomando seu chocolate quente. Ele podia ser um bebê chorão mais me conhecia melhor que ninguém.
— Eu conheci uma garota hoje... – ele me interrompe.
— Até que fim – disse comemorando.
— Me deixa falar coisa – ele para. — Ela era diferente, sei lá – digo e ele me olha.
— Hum, tá apaixonado – disse e me fez ri.
— Acho que sim – digo e me lembro dela, um sorriso bobo nasce no meu rosto.

Depois de conversamos, fui para minha casa. Chegando lá me joguei no sofá e fiquei pensando nela. Ela era única.

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